A minha arte

Cruzo-me, todos os dias, comigo, em  frente de um espelho. Vejo do que sou capaz , por fim. Alegria externa, amargura interior. Pele suada, mente cansada. Corre-me pelas veias, a seiva elaborada de um fim de dia, cansativo.
Ocorreu-me sentar e, pensar no que talvez, tivesse sido bom pensar, à alguns tempos atrás... Tento nunca pensar em arrependimento, desilusão e muito menos, solidão de acabar uma guerra sozinha:
- Do que estou eu a falar? Que argumentos posso apresentar, como verdadeiros, quando nem sequer os controlo, após uma saída rapidíssima da minha estúpida boca? O mal que faço a mim mesma! Estúpida, ignorante e, mais todos os adjectivos retirados de um estúpido dicionário. Cala-te por dois segundos! Lá estou eu, com os meus dois segundos! Dêm-me dois, três, mil, milhões deles! Pronto, resolvi escrever rabiscos que uma estúpida miúda de 15 anos adora fazer...!
"À quase dois anos que faço uma das coisas que me dá mais prazer de viver. Apenas o queria fazer porque era moda, porque todos o faziam? Não. Decididamente que não. Passava tardes a fazer aquilo que, nunca, pensaria ter nome. Aquilo era segredo meu. Aquilo dava origem, a uma vergonha revelada pelas bochechas vermelhas, na minha gigante cara, quando alguém entrava no meu castelo maravilhoso (que maior parte das pessoas trata por... quarto!). Se era belo?! Opá, era a minha última preocupação. Neste momento o que me falta era o que antes tinha de maneira perfeita. O que tenho agora, era o que me faltava. Uma mistura do presente com o passado e era um equilíbrio perfeito. Nos tempos primitivos de à dois anos, o que tinha era uma vontade de vencer o impossível, uma genica que jamais pensaria que saísse, um próprio estilo. Basicamente, encontrava motivação em mim mesma. O que hoje tenho é a experiência, técnica, sabedoria e conhecimento.
Por mais que tente ir buscar toda a humildade que tinha, por nada ter na altura, é difícil. Era feliz pelo sentimento de vive-lo, e hoje, estou contente por estar. Parece que já caíu em rotina, (o que eu odeio), e talvez seja resultado disso, a minha tentativa frustrada de não conseguir fazer o novo.
A conclusão que tiro disto tudo é que neste mundo, é preciso ter orgulho e coragem quando não se têm nada e, ser humilde quando se tem o que muita gente gostaria de ter. Mas não é por isso que, um individuo com menos posses, seja um coitado, porque muita inspiração vem daí. E, para terminar, uma frase que vou manter na minha cabeça até a tuberculose, ou alzheimer me afectar: "Não desprezes o velho, inova-o", pois ontem dançava no meu próprio palco e era feliz. Hoje, mostro passos em estúpidos e falsos palcos, sou iludida, e pareço uma triste estúpida...!"

1 comentário:

Leonor Neto disse...

Amanhã vou ler isto que hoje já não tenho tempo e depois comento. Beijinhos.